
Você já ouviu falar na Sequência Fedathi? De acordo com Minayo (2007), trata-se de uma metodologia que ajuda o professor a direcionar seu trabalho em sala de aula, ao mesmo tempo em que transforma o estudante em um protagonista do processo de aprendizagem. Em vez de apenas receber informações, o aluno passa a ser um construtor do próprio conhecimento. Legal, ein? 🙂
Pesquisas mostram que a sequência FEDATHI é bem aplicável no ensino de Física, podendo ser considerada uma importante ferramenta metodológica para o estudo de conteúdos de Física em sala de aula, transformando o aluno em um ser ativo, pesquisador de seus próprios modelos de solução e regendo o comportamento do professor, como um mediador no processo de aprendizagem (SOARES, 2017). Vou deixar na sequência alguns trabalhos em ensino de Física que já desenvolvi com grupos de estudos, alunos de TCC e de mestrado. 🙂

TCC ARTIGOS DISSERTAÇÕES DE MESTRADO
A Sequência FEDATHI, como metodologia de ensino, pode ser definida como o método científico aplicado ao ensino (BORGES NETO, 2016). Os princípios da Sequência FEDATHI , que se constituíram ao longo do tempo, têm uma estrutura de funcionamento baseada em três níveis: a preparação, a vivência e a análise, conforme está descrito no quadro a seguir (SOUSA, 2015):
SEQUÊNCIA FEDATHI | |
1º nível: Preparação – Organização didática do professor, com análise do ambiente, análise teórica e elaboração do plano de aula. | |
2º nível: Vivência – Desenvolvimento/execução do plano/sessão didática na sala de aula. | 1ª etapa: Tomada de posição – introdução da aula, com o acordo didático e a apresentação do problema. |
2ª etapa: Maturação – resolução do problema pelos alunos, com a mediação do professor. | |
3ª etapa: Solução – Solução – socialização dos resultados encontrados pelos alunos | |
4ª etapa: Prova – formalização/generalização do modelo matemático a ser ensinado, conduzida pelo professor. | |
3º nível: Análise – Avaliação da aula pelo professor. |
A prática docente começa na preparação da aula, primeiro nível da SF, com a análise da turma, das condições do ambiente de aula. Na preparação ocorre também o planejamento do Plateau, que é o elemento norteador da aula que está relacionado ao conhecimento prévio que os alunos precisam para iniciar a construção de um novo. Para Sousa (2015, p. 57) é utilizado “como patamar, nivelamento ou base de equilíbrio do conhecimento do aluno, pensado no momento da preparação didática ou proporcionado pelo professor logo no início da aula sobre um conteúdo que precise de um nivelamento”. Nele também estão inseridas as ações necessárias que o professor deva executar para nivelar a turma e nesse momento surge o Plateau do professor que aparece no momento da interação com os alunos (BORGES NETO, 2017a, 2017b).
Na vivência, segundo nível da SF, ocorrem as quatro etapas. E já na primeira que é a Tomada de Posição, onde o Acordo Didático deve ser estabelecido como princípio da relação professor-aluno-saber. Nesse acordo há uma combinação mútua que especifica o que cada um deve fazer para que o ensino e a aprendizagem se efetivem num ambiente harmônico, considerando os possíveis conflitos que normalmente aparecem.
Na Tomada de Posição também ocorre a apresentação da relevância do tema que deve conter em sua apresentação um problema generalizável. É o momento da apresentação de uma situação-problema, devida e cuidadosamente escolhida de forma a ser generalizável e desafiadora (MENEZES, 2018). Consiste em criar elementos para inserir o aluno na postura de investigador para estruturar um saber que se pretende ensinar. E assim, essa etapa é essencial para o desenvolvimento da(s) etapa(s) seguinte(s) (SANTANA; BORGES NETO, 2003). No mais, a situação-problema pode ser apresentada pelo professor de maneira verbal, escrita, por meio de jogos e manipulação de objetos. Ele também pode fazer uso de qualquer artefato, tecnologia ou linguagem, a partir do instrumento metodológico e da dinâmica de sala de aula que o docente achar mais adequado para a abordagem da temática a ser estudada (SOARES NETO et al., 2020).

Na segunda etapa da Sequência FEDATHI , denominada Maturação, ocorre o momento em que o aluno se debruça sobre o problema a fim de encontrar possíveis respostas, ao passo que busca refletir e atuar de maneira investigativa sobre o que foi proposto na Tomada de Posição. Esse momento permite o amadurecimento das ideias e a troca de informações entre os estudantes, onde estes devem estar concentrados em identificar os dados para elaborar estratégias de resolução (SANTOS, 2007). Além disso, o aluno está cognitivamente fazendo interações dos saberes antigos com o conhecimento que está a construir. Em suma, esta é a fase em que o aluno está pensando, maturando, refletindo, agindo sobre a situação-problema que foi proposta, enfim, construindo seu conhecimento (MENEZES, 2018).
A Solução, terceira etapa da metodologia de ensino Sequência Fedathi, é o momento da organização, da estruturação, da representação de esquemas e modelos, bem como o momento de exposição para o grupo das respostas encontradas pelos alunos para que possam ser comparadas, debatidas e discutidas, por meio da mediação do professor, que continuará a se utilizar, especialmente, de contraexemplos, valorizando todas as soluções independentemente de estarem certas ou erradas. Por meio disso, os alunos deverão perceber que a construção do conhecimento envolve confrontação de ideias, erros e acertos. As ideias poderão ser expostas por meio de desenhos ou esquemas, de maneira escrita ou verbal. Desse modo, de acordo com Menezes (2018, p. 95):

Por fim, na quarta etapa, a Prova é o momento de sistematizar a situação-problema apresentada na Tomada de Posição. O professor formaliza e sintetiza o conhecimento, utilizando a linguagem técnica, a partir das soluções apresentadas pelos alunos, envolvendo-os e direcionando-os à generalização de um conceito. Assim, o professor faz uso das similaridades e diferenças dos caminhos percorridos, que podem ter sido redundantes, obscuros, incompletos, que podem ser melhorados ou até mesmo de uma resposta completa, para apresentar o modelo geral sob uma argumentação lógico-dedutiva, com precisa definição. Ou seja, a solução mais sistematizada (SANTANA, BORGES NETO, 2003; BORGES NETO, 2018).

Para mediação das etapas, o professor fedathiano deve planejar, levando em consideração os princípios na Sequência FEDATHI, como a “mão no bolso”, o “acordo didático”, a “pergunta”, o “contraexemplo” e a concepção de “erro”.
Sobre a mão no bolso no processo de ensino, Santana (2018, p. 19) afirma que a ideia é compreender a postura do professor como provocativa, pois ao se posicionar com a ‘mão no bolso’ o professor conduz os alunos para um contexto de reflexão sobre suas ações e tem como objetivo “propor ao professor e aos alunos que pensem, raciocinem, criem hipóteses e realizem juntos” as ações de ensino, impedindo que o professor vivencie sozinho uma relação que é conjunta.
Outro princípio da SF que deve ter uma atenção especial é a Pergunta. Por meio desta, “o professor interpela, interroga, instiga o aluno a pensar sobre o problema proposto como desafio para sua aprendizagem ou outras situações de estudo” (SOUSA, op. cit., p. 47). A Pergunta, além de ser um elemento essencial na mediação pedagógica, também potencializa a participação dos alunos. Porém, nem sempre esse recurso vem na forma de interrogação, pode ser uma sugestão ou um Contraexemplo.
O Contraexemplo é um princípio da Sequência FEDATHI , que se originou da Pergunta e é um princípio da Sequência FEDATHI, influenciado pelas ideias de Lakatos (1978), caracterizado como uma situação que o professor cria no intuito de desestruturar o raciocínio do aluno quando percebe que os argumentos do aluno conduzem ao erro.
Além do Contraexemplo, está o Erro, também caracterizado como um dos princípios da Sequência FEDATHI. Melo (2018) afirma que na aprendizagem o Erro não aparece como essencial, mas aponta que no ensino de Matemática de forma geral, tanto no Erro como no Acerto, ocorre aprendizagem, basta que o professor saiba conduzi-los. Sendo assim, a Sequência FEDATHI propõe que o aluno construa seu conhecimento sobre o problema e que o professor considere o Erro como fator importante na construção da aprendizagem.
Ainda de acordo com Souza (2013, p. 40-41), durante a aplicação da sequência FEDATHI , a eficácia dos resultados de aprendizagem exige que professores e alunos vivenciem aspectos fundamentais em sua execução. Conforme mostra a Figura abaixo, alguns de maior importância.

Portanto, a Sequência FEDATHI pode ser caracterizada como um método de ensino que facilita o processo de ensino-aprendizagem, orientando o professor na sua prática didática e incentivando os estudantes a serem protagonistas na construção de seu próprio saber sempre sob a supervisão do docente mediador do conhecimento ao proporcionar um momento diferenciado seus para alunos.