SF para o Ensino de Astronomia

Na sequência, detalharemos os passos para a aplicação da sequência de ensino, fundamentada nas bases da Sequência Fedathi. Cada aula, juntamente com os detalhes do desenvolvimento das etapas, será minuciosamente descrita para facilitar sua implementação. Será apresentado com cuidado como o professor pode situar a aplicação desta sequência didática em cada aula e em cada encontro, visando maximizar o impacto pedagógico e promover uma experiência de aprendizagem enriquecedora para os alunos.

 

AULA 01: Divisão das equipes e aplicação do pré-teste

⏰ Duração: 100 minutos (2 h/a)

🎯 Tomada de posição

Nesta primeira aula, o professor apresenta o produto educacional e realiza o acordo didático, explicando que, ao longo da sequência, os alunos serão desafiados a explorar e compreender o Sistema Solar por meio de uma jornada investigativa baseada nos princípios da Sequência Fedathi.

Em seguida, o professor realiza a divisão da turma em equipes, preferencialmente por sorteio, garantindo equilíbrio e interação entre diferentes perfis de alunos. Nesse momento é interessante o professor ter ciência do Plateu dessa aula, ou seja,  saber quais conhecimentos essenciais o aluno precisa.  Dentre esses conhecimentos, destaca-se: 

  • Saber que o Universo é composto por estrelas, planetas (dentre eles, a Terra) e outros corpos celestes;
  • Compreender que a Terra faz parte do Sistema Solar, que, por sua vez, é apenas uma parte da Via Láctea;
  • Saber que estrelas produzem luz própria, enquanto planetas refletem a luz do Sol;
  • Ter ouvido falar de alguns planetas do Sistema Solar (mesmo que sem ordem ou características precisas);
  • Entender, mesmo de forma intuitiva, que os planetas giram em torno do Sol.
  • Ter alguma ideia de que o movimento da Terra está relacionado ao dia e à noite e às estações do ano. 🔄🌞❄️

Para saber se os alunos tem ou não o Plateu, segure-se uma breve enquete diagnóstica, seja ela escrita ou dialogada. O objetivo é obter informações gerais sobre o grupo e suas percepções iniciais sobre o tema.  As respostas da enquete servirão de base para que o professor conheça melhor a turma e possa ajustar sua mediação ao longo das aulas.

Nessa etapa é interessante o professor fazer uma provocação, instigando a curiosidade e despertando o senso de investigação dos alunos, convidando-os a assumirem o papel de exploradores do espaço e reconstruírem o conhecimento sobre o Sistema Solar. Para tal sugere-se a Situação Desafiadora:

“Escolher um nome temático, obrigatoriamente relacionado ao Sistema Solar ou a conceitos da Astronomia — como planetas, satélites, estrelas ou missões espaciais.”

Essa atividade inicial busca despertar o interesse e o senso de  pertencimento ao grupo.

🧠   Maturação

Durante a fase de maturação, os alunos discutem em equipe sobre o nome mais adequado e pesquisam informações que fundamentem sua escolha.
Nesse momento, o professor atua como mediador, aplicando os princípios da Sequência Fedathi, especialmente a Mão no Bolso, intervindo apenas quando necessário para orientar a reflexão dos estudantes.

É fundamental, porém, sempre estar atento a usar outros princípios como o contraexemplo, Pergunta, valorização do Erro, incentive o raciocínio autônomo, promovendo a construção coletiva do conhecimento e valorizando as interações dentro do grupo.

A seguir, seguem algumas descrições contextualizadas de princípios da SF, que podem surgir na maturação: 

🫱🏻‍🫲🏼 Mão no Bolso:

🧑‍🎓 Um grupo comenta animado:
“A gente quer colocar o nome do grupo de Cometas, porque eles são estrelas com cauda!”

👨🏻‍🏫 O professor, com a “mão no bolso”, aponta para uma imagem no mural onde há um cometa e uma estrela lado a lado, sem dizer nada.

Os alunos se olham e começam a comentar entre si:
“Mas… será que cometa é estrela mesmo?”
“Olha, a estrela parece estar brilhando mais forte…”
“E o cometa tá meio apagado, com uma cauda…”

O professor continua em silêncio, observando atentamente as trocas do grupo e anotando palavras que surgem: luz, brilho, cauda, gelo, calor… Sem precisar corrigir, ele conduz os estudantes a autoquestionarem e reformularem suas ideias.

O grupo percebe que os cometas não são estrelas, mas corpos que refletem a luz do Sol e liberam gases e poeira quando se aproximam dele. E o professor, com a Mão no Bolso, estimula o pensamento autônomo e a argumentação.

⚖️ Contraexemplo

🧑‍🎓 Aluno:
“Nossa equipe vai se chamar ‘Estrelas’, porque todas elas brilham no céu!”

👨🏻‍🏫 Professor:
“Interessante escolha! Observem este conjunto de planetas, asteroides e cometas… alguns deles brilham por refletir a luz do Sol, enquanto outros produzem luz própria. Nem tudo que parece brilhar é uma estrela verdadeira.”

O grupo percebe que nem todos os corpos celestes luminosos são estrelas, levando-os a refletir sobre a diferença entre estrelas e planetas ou cometas, sem que o professor dê a resposta pronta. Isso incentiva a reconstrução conceitual sobre a natureza dos corpos celestes e influencia a escolha do nome da equipe.

❓ Princípio da Pergunta

A base do diálogo investigativo. O professor faz perguntas desafiadoras que ajudam o aluno a organizar o pensamento e avançar cognitivamente.

👨🏻‍🏫 Professor:
“Por que vocês escolheram o nome ‘Satélite’? Qual a função de um satélite em um sistema planetário?”

Nesse caso, a pergunta conduz à descoberta, não à simples memorização.

💡 Valorização do Erro

Um grupo chama o nome da equipe de “Estrelas Frias” e justifica dizendo que “algumas estrelas não emitem calor”.
👨🏻‍🏫 Professor:
“Interessante… será que todas as estrelas emitem o mesmo tipo de energia? Vamos investigar isso?”

Ao usar esse princípio o erro é tratado como oportunidade de aprendizagem e não como falha. Transforma o erro em gatilho investigativo.

💡  Solução

Após a discussão interna, cada equipe apresenta à turma o nome escolhido e justifica sua decisão, destacando as referências astronômicas e o significado do termo.
O professor, então, utiliza essas apresentações como ponto de partida para provocar novas reflexões, lançando perguntas que ampliem o olhar dos estudantes, como:

“O que é, de fato, uma estrela?”
“O que compõe um sistema planetário?”
“Será que existem outros sistemas solares no universo?”

Esse momento deve ser marcado por diálogo e curiosidade científica, criando um ambiente dinâmico, de debate e descoberta.

 👨🏻‍🏫  Prova

Nessa etapa, o professor assume o papel de mediador e avaliador, utilizando os registros das etapas anteriores para consolidar o aprendizado. Este momento não se limita apenas a verificar o conhecimento, mas também serve para fortalecer a compreensão dos conceitos investigados durante a tomada de posição, maturação e solução. É a oportunidade de transformar os debates, descobertas e reflexões dos alunos em saberes estruturados e significativos.

O professor começa fazendo uma síntese das escolhas das equipes e dos argumentos apresentados sobre os nomes escolhidos. Ao comentar sobre os nomes, ele reforça conceitos importantes relacionados ao Sistema Solar, destacando diferenças entre estrelas, planetas, cometas e outros corpos celestes, assim como a relevância de suas características. Essa etapa proporciona aos alunos o reconhecimento do que foi aprendido, conectando conceitos prévios e novos aprendizados.

Enfim, a Prova oferece ao professor a oportunidade de identificar lacunas de conhecimento e consolidar a mediação futura. Com os resultados do pré-teste, ele pode planejar estratégias de reforço e aprofundamento, ajustando a sequência didática às necessidades da turma. Além disso, os alunos percebem o valor de suas próprias descobertas, sentem-se protagonistas do aprendizado e são incentivados a continuar explorando o universo de forma investigativa e colaborativa.

Antes de seguir para a aula seguinte, o professor fedathiano pode conduzir os alunos realizarem uma atividade gamificada, por meio da plataforma Kahoot, por exemplo, ou outro recurso digital disponível. Essa atividade interativa permite ao professor coletar  mais informações sobre o nível de compreensão da turma e ao mesmo tempo engaja os estudantes, pois estimula competição saudável, participação ativa e fornece feedback imediato. É um momento lúdico, que alia avaliação e aprendizado de forma dinâmica.

Caso a escola não disponha de laboratório de informática, o professor pode adaptar a atividade, permitindo que os alunos usem seus próprios dispositivos, como smartphones ou tablets. O importante é garantir que todos participem e tenham a chance de testar seus conhecimentos, revisando de forma divertida os conceitos estudados sobre o Sistema Solar e os pequenos corpos celestes. 

AULA 02: Construção do Cubo Merge e introdução ao Merge Explorer

Duração: 100 minutos (2 h/a)


🎯 Tomada de posição

Nesta segunda aula, o professor realiza o acordo didático, reforçando que os alunos serão desafiados a explorar o Sistema Solar de forma investigativa, agora utilizando a realidade aumentada por meio do Merge Cube e do Galactic Explorer.

O Plateau desta aula envolve os conhecimentos e habilidades mínimas necessárias para que os alunos possam compreender e aplicar a tecnologia de realidade aumentada (RA) na investigação do Sistema Solar. Assim, o professor deve considerar se os estudantes:

  • Têm familiaridade básica com dispositivos digitais (smartphones, tablets ou computadores) – sabem baixar e abrir aplicativos, ativar a câmera e acessar configurações simples.

  • Possuem noções iniciais sobre o que é Realidade Aumentada (RA) – mesmo que intuitivamente, compreendem que ela combina elementos virtuais com o ambiente real.

Para identificar o Plateau, o professor conduz uma breve sondagem diagnóstica sobre o conhecimento prévio dos alunos através de perguntas simples, como:

  • “Alguém aqui já usou um aplicativo de realidade aumentada?”

  • “Vocês sabem o que acontece quando apontamos a câmera do celular para uma imagem que o aplicativo reconhece?”

  • “Alguém já ouviu falar do Merge Cube ou do Merge Explorer?”

Caso perceba lacunas, sugere-se que o professor, com uma postura fedathiana, apresente slides com orientações sobre configuração, manuseio e principais funcionalidades do Galactic Explorer. Para isso, é essencial que todos os alunos tenham o aplicativo instalado em seus dispositivos, garantindo participação ativa.

Uma vez realizado o acordo didático e  estabelecido o Plateu, o professor lança a Situação Desafiadora:

“Em no máximo 30 minutos, construam o Merge Cube a partir da planificação recebida e explorem o Galactic Explorer, identificando funcionalidades do aplicativo que auxiliem na investigação do Sistema Solar.”

O desafio visa instigar o trabalho colaborativo, a curiosidade científica e a exploração prática de conceitos astronômicos. Os alunos devem organizar-se em equipes, distribuir tarefas e definir estratégias de construção e exploração.


🧠 Maturação

Durante esta etapa, os alunos iniciam a construção do Merge Cube e começam a explorar o Galactic Explorer, descobrindo funcionalidades e recursos que permitem visualizar e manipular objetos do Sistema Solar em realidade aumentada. Enquanto isso, o professor deve atuar como mediador, aplicando os princípios da Sequência Fedathi. Na sequencia, é apresenta situações que podem surgir alguns princípios:

🫱🏻‍🫲🏼 Mão no Bolso:

Durante a montagem do cubo, grupo pode ter problemas seja no seu recorte ou na sua colagem, por exemplo. Caso isso ocorra, o professor não deve corrigir diretamente, mas dar os caminhos, como o possível diálogo que segue: 

🧑‍🎓Aluno: Professor, acho que colamos errado… o cubo tá torto, não vai funcionar!

👨🏻‍🏫 Professor: Pode ser que alguma aba esteja fora da sequência. Observem as marcações para ver se todas estão no lugar certo!

Nesse caso, o professor, sem apontar diretamente o erro, indica um caminho possível, levando o grupo a analisar novamente as dobras e a perceber, por conta própria, o equívoco. Em atitude, como essas, o professor verbaliza dicas orientadoras, mas sem revelar respostas ou demonstrar o procedimento. Essa postura mantém os estudantes ativos, curiosos e responsáveis pela descoberta, favorecendo a autonomia investigativa e o raciocínio prático.

⚖️ Contraexemplo

Durante a exploração do Galactic Explorer, uma equipe observava os planetas em Realidade Aumentada pode  fazer a observação precipitada:

🧑‍🎓 Aluno: Professor, o planeta Mercúrio parece bem maior que Júpiter aqui no aplicativo. Acho que o app tá errado!

👨🏻‍🏫 Professor: Olhem só, nesse mesmo aplicativo, o Sol aparece menor que todos eles quando está mais distante do cubo. O tamanho real dos corpos celestes nem sempre corresponde ao que aparece na tela.

🧑‍🎓 Aluno: Ah, então é só uma questão de perspectiva, não é o tamanho real!
🧑‍🎓 Aluno:  Entendi… o aplicativo muda a escala pra caber na visualização.

O professor usa o contraexemplo devido  ao “erro visual” no aplicativo. Assim,  para desestabilizar uma compreensão equivocada sobre o tamanho dos planetas, em vez de negar a fala do aluno, ele oferece uma situação que a contraria e o leva a reformular o próprio raciocínio, fortalecendo a compreensão de escala e representação no estudo do Sistema Solar.

❓ Princípio da Pergunta

Durante a operacionalização do Galactic Explorer, os integrantes de uma equipe podem ter dúvida, por exemplo, sobre como acessar o Sistema Solar no aplicativo, como no diálogo:

🧑‍🎓 Aluno:“Professor, como chega ao Sistema Solar?
👨🏻‍🏫 Professor: Você já leu o que está escrito na introdução do aplicativo?

A pergunta do professor atua como um gatilho de reflexão, incentivando a leitura atenta, a autonomia investigativa e a interpretação crítica das informações disponíveis. Através desse princípio, em vez de oferecer a resposta, o docente conduz os alunos a construírem o caminho do conhecimento por conta própria, fortalecendo o caráter investigativo da atividade. A partir dessa intervenção, o grupo tem a possibilidade de retornar à tela inicial e começar a explorar os textos e ícones apresentados na interface.

💡 Valorização do Erro

🧑‍🎓 Aluno: “Professor, essa bolinha pequenininha deve ser um planeta anão.”
👨🏻‍🏫 Professor: Ela se move em torno de outro corpo maior, né? Alguns objetos fazem isso porque estão presos pela gravidade. São bem importantes para entender o equilíbrio do sistema.

O erro leva os alunos a distinguir satélites naturais de planetas e planetas anões, reconhecendo o papel da gravidade nas órbitas. Nesse caso, o professor deve utilizar os erros para a construção ou exploração de debates conceituais. Em vez de corrigir de imediato, o professor valoriza a experiência, transformando a falha em gatilho para reflexão. Assim, o erro se converte em aprendizado, fortalecendo a autonomia e o raciocínio coletivo do grupo.

Após os alunos maturarem, devem ser incentivados a se prepararem para a próxima etapa, tirando fotos, registrando observações e construindo textos explicativos sobre suas descobertas. Essas poderão ser compartilhados em sala ou em redes sociais, reforçando a aprendizagem colaborativa.


💡 Solução

Nesta fase, cada equipe compartilha com a turma os resultados da construção do Merge Cube e as descobertas feitas no Galactic Explorer. Apresentam objetos do Sistema Solar visualizados em RA, destacam funcionalidades exploradas e explicam conceitos aprendidos, como órbitas, tamanhos relativos, planetas anões, cometas e asteroides.

O professor cria um ambiente de discussão, estimulando o diálogo e a reflexão por meio de intervenções estratégicas, como pequenos comentários, observações provocativas ou exemplos visuais que levem os alunos a relacionar teoria e prática. O foco é consolidar conceitos, promover argumentação científica e reforçar a capacidade de comunicação do conhecimento adquirido.

 Aqui vão situações exemplares da etapa de Solução da aula 2, mostrando o professor conduzindo reflexões ampliadas após as apresentações dos grupos — com perguntas e provocações que consolidam conceitos e promovem argumentação científica:


🧑‍🎓 Aluno: Nosso grupo percebeu que os planetas gasosos são bem maiores que os rochosos, e conseguimos ver isso com clareza no aplicativo.

👨🏻‍🏫 Professor: Excelente observação! Será que o tamanho desses planetas tem relação com a distância deles em relação ao Sol?

💡 Efeito: estimula os alunos a pensar sobre a formação dos planetas e a diferença entre planetas internos e externos.


🧑‍🎓 Aluno: A gente achou interessante que o aplicativo mostra os anéis de Saturno e Urano bem visíveis.

👨🏻‍🏫 Professor: Muito bom! Mas será que só esses dois planetas possuem anéis no Sistema Solar?

 

💡 Efeito: provoca investigação sobre Netuno e Júpiter, levando os alunos a revisar conceitos.


👨🏻‍🏫 Prova

Na etapa da prova, o professor apresenta formalmente, com slides, o uso do Merge Cube e do Galactic Explorer, reforçando os conceitos investigados sobre o Sistema Solar. Explica as principais funcionalidades do aplicativo e demonstra como cada recurso pode auxiliar na exploração de planetas, satélites e outros corpos celestes.

Os alunos, por sua vez, são avaliados de forma qualitativa, considerando:

  • Participação nas atividades em equipe;

  • Capacidade de exploração autônoma do Merge Cube e Galactic Explorer;

  • Registro das descobertas por fotos, textos ou esquemas;

  • Apresentação das informações à turma, demonstrando compreensão dos conceitos astronômicos.

Esta etapa permite ao professor consolidar o aprendizado, identificar lacunas conceituais e planejar as próximas atividades da sequência didática. Ao mesmo tempo, os alunos percebem o valor da prática investigativa, da colaboração e da exploração tecnológica, reforçando o protagonismo e a motivação para estudar o Sistema Solar.